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O outro mito alimentado pela comunicação social gira em torno do Sporting. Não quero tirar o mérito a quem o tem; o desempenho dos leões superou todas as expectativas mais optimistas e é uma surpresa. Mas a campanha passou agora o primeiro terço e há muita coisa para acontecer. Sabendo isso, o pior que pode fazer-se à jovem equipa leonina é atirar-lhe para cima uma responsabilidade para a qual não foi preparada. A liderança é um estímulo e serve de aviso à concorrência de Porto e Benfica que, necessariamente, virá a ser mais forte. Os jovens leões têm-se valido de uma fé indomável em si mesmos e não têm culpa do demérito dos rivais. Lideram com justiça, mas há sectores da comunicação social a procurarem campeões prematuros e as parangonas dos jornais enchem-se de jogadores que, no início da temporada, eram vistos com desconfiança generalizada. Cabe a Leonardo Jardim saber pousar os atletas no chão e mantê-los no mesmo trilho que os trouxe até este momento. Não será fácil ser o caçador de mitos que o universo Sporting precisa.  

 

Num mundo futebolístico luso sempre dado à construção de mitos, eis que subitamente se vêm erguendo alguns novos. O primeiro, e mais saliente nos últimos dias, prende-se com o aparecimento pontual de Carlos Eduardo no F.C. Porto. Bastou ao ex-estorilista merecer a primeira titularidade para ser elevado à condição de salvador de uma equipa à beira da descrença em si mesma. Não está em causa o valor do futebolista - que até aprecio -, mas chega a roçar o absurdo esta sagração de heróis descartáveis que se esgotam no momento. Ou ficam circunscritos a ele, em prejuízo da sua própria estabilidade emocional, mormente aqueles que, como Carlos Eduardo, procuram a adaptação à órbita de um clube grande. Não será apenas Carlos Eduardo a resolver os equívocos tácticos em que Paulo Fonseca vem teimando e que expõem sistematicamente o colectivo portista a uma das debilidades óbvias do seu plantel: a falta de qualidade para os corredores laterais. E a única forma de disfarçar essa lacuna, passa por uma solução que traz vantagens a todos, deixando Fernando na incumbência de pivot isolado - em que indiscutivelmente rende mais - libertando Lucho da missão desgastante de aproximação à posição nove e dando essa função a Carlos Eduardo. Mais móvel, com mais disponibilidade física, com boa percepção dos ritmos de jogo e critério na entrega da bola, o ex-estorilista é o homem circunstancialmente mais apto para o lugar. Mas daí a fazer dele o salvador, haverá ainda uma grande distância, até porque Varela continua a ser o único extremo com plenos poderes no Dragão.  

 

 

 

 

Apontamentos (8):

Carlos Eduardo, o inesperado 

Leonardo Jardim, o caçador de mitos

Dezembro 18, 2013

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