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POSTO DE ESCUTA Bird of Prey

Depois de alguns anos como incógnita teclista e voz de suporte de Jenny Lewis ou até como coadjuvante pontual dos The Gaslight Anthem, Natalie Prass dificilmente escaparia à influência da música genuinamente americana, algo que até a sua ligação de nascimento a Nashville não disfarçaria. Em todo o caso, a verdade dessa consideração inicial é apenas pequena parte da equação musical que o primeiro disco em nome próprio revela. Reduzir este álbum a isso é passar ao lado da essência de um corpo de canções muito bem conseguidas, com um curiosíssimo sentido de sofisticação pop e uma multitude emocional que vai muito além dos rudimentos costumeiros da country/bluegrass que normalmente merece esse rótulo basilar: americana

 

Desde logo, o trabalho de arranjos aponta a horizontes mais ambiciosos e até, aqui e ali, muito próximos da pop de câmara, ora servidos em cordas, ora em metais, sempre no pressuposto de fazer crescer as melodias, afinal o tutano tão valioso do disco, sem as subverter em delírios de grandeza instrumental. É disso mesmo que se trata, de um registo que valoriza o compromisso com a melodia e que não perde o norte, mesmo quando a lírica parece abrir universos díspares da personalidade de Prass. De um lado, a rendição aos amores falidos; do outro, a revoltada resistência à decepção. Mais importante que tudo o resto: nunca sai diminuída a emotividade confessional do disco, nem com a magnitude instrumental, nem com a limitada delicadeza vocal de Prass, fintada pela obstinação. Todos os condimentos de um épico de bolso, portanto.     

Fevereiro 16, 2015

Natalie Prass Natalie Prass

Spacebomb/Popstock, 2015

 

 

Crítica Filho da Mãe - Cabeça

8,1

 

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