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POSTO DE ESCUTA Venha Ele

Com a expansão mediática que os Diabo na Cruz e os You Can't Win, Charlie Brown tiveram nos últimos anos, é natural que João Gil (multi-instrumentista de ambos os projectos) tenha sentido a necessidade de um espaço de expressão própria. Vitorino Voador é o alter-ego nascido desse processo de natural emancipação de ideias musicais sem cabimento no espaço criativo das bandas que integra. Depois de um EP suportado pela Optimus Discos que foi, afinal, a porta aberta para esse universo sonoro particular e para a personagem imaginada atrás do epíteto Vitorino Voador, o primeiro longa-duração tornou-se inevitável. O Dia em que Todos Acreditaram dá mostras do apuramento da fórmula, sobretudo nos arranjos mais complexos, sem prejuízo da intimidade do disco. Está cá a mesma fragilidade confessional que se conheceu antes e que se fez identidade de João Gil. Ao mesmo tempo, percebe-se que a linguagem Vitorino Voador é um work-in-progress que se vai erguendo pacificamente em volta desse princípio, mas sem um conceito formal definido. Das pequenas incongruências que daí resultam não vem mal ao mundo; afinal, este é o primeiro disco inteiro de Vitorino Voador e o próprio João Gil reconheceu, em entrevista recente, que não sabe para onde o leva este voo. 

 

Há qualquer coisa de planante, com a elegância da melhor música ambiente que se arruma em coordenadas de pop madura e de minimalismo melódico. Aí, encontram-se ingredientes acústicos (piano e guitarra) e impurezas electrónicas, unidos umbilicalmente pela voz fantasmal, quase irreal. A combinação é equilibrada, faz sentido e fica lançada a premissa deste voo: vá para onde for, o Vitorino Voador tem asas para crescer.    

Fevereiro 13, 2015

Vitorino Voador O Dia em que Todos Acreditaram

Azáfama, 2015

 

 

Crítica Filho da Mãe - Cabeça

7,0

 

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